sexta-feira, 3 de junho de 2011

Fichamento 6


Importância da Genética no serviço público: relato da extinção de um setor de Genética no município de São Paulo, Brasil.
ALBANO, LMJ

“O grande avanço da genética, nas últimas décadas, tem permitido a melhor compreensão  de certas  doenças  e  o conhecimento de muitas outras. Vários esforços, atendendo aos anseios de um número cada vez maior de especialidades, têm sido realizados para se detectar,  o  quanto  antes,  as malformações congênitas, os desvios metabólicos, as doenças  heredodegenerativas,  as  displasias  esqueléticas  e  todos os distúrbios  genéticos  passíveis  de  um  diagnóstico pré ou pós-natal.  Atualmente, verifica-se um grande e profícuo intercâmbio entre as várias especialidades médicas e outras áreas da saúde,  resultando  em  um  saldo  final extremamente positivo. A citogenética tem  prestado  grande  subsídio,  neste sentido, não só para a disciplina de genética, mas também para outras áreas.”
“É possível afirmar que, após o emprego da biologia molecular, nenhuma área da biomedicina permaneceu intocada. Entretanto, o rápido desenvolvimento  da  biologia  molecular  não foi completamente absorvido pela sociedade. Assim, atualmente, há uma grande preocupação com os aspectos médico-legais e éticos decorrentes do impacto provocado pelos avanços da biologia  molecular,  envolvendo  até mesmo  as  companhias  de  seguros.”
“Assim,  a  existência  de  poucos  centros especializados de genética no país acarreta  uma  sobrecarga  no  serviço público  e,  até mesmo,  no  serviço  privado. Este  fato dificulta o encaminhamento de pacientes portadores de uma determinada  anormalidade  genética para  atendimento  especializado.  A rigor,  todas  as  doenças mencionadas aqui, e muitas outras, não citadas, deveriam passar por uma avaliação genética;   o geneticista dispõe de  subsídios  para  esclarecer  o  risco  para  os indivíduos e para os membros de sua família,  assim como para propor uma terapia  antenatal,  neonatal  ou  futura, de forma a minimizar seqüelas, propiciar melhor evolução do paciente e reduzir  sobremaneira  o  gasto  público. Neste  sentido,  a  disponibilidade  de um  serviço  de  genética  em  hospitais deveria  ser  uma  questão  de  interesse público.”
“Foram codificados, no período entre novembro de 1992 e fevereiro de 1996, 571 casos, dentre todos os avaliados no setor de genética do HIMJ, sendo solicitados 358 cariótipos. Oito não puderam ser concluídos por más condições das aberrações cromossômicas, outras enfermidades genéticas foram estudadas naquele período. As freqüências de algumas delas (ressalvando-se que não conseguimos recuperar todos os dados a contento) podem ser observadas na tabela 2.”
“A  presença  de um  serviço de genética  em  centros  médico-hospitalares, além  de  minimizar  as  manifestações clínicas  dos  portadores  de  distúrbios genéticos,  de melhorar  sua  qualidade de vida, bem como a de seus familiares, e de disponibilizar informações sobre o risco de recorrência, também evita que ocorram  erros  de  encaminhamento  e desperdícios. Um exemplo, ocorrido no HIMJ,  foi  a  solicitação,  por  parte  de outro hospital, para que realizássemos um cariótipo por suspeita de síndrome de Turner quando, na verdade,  a avaliação  genética  revelou  que  o  caso  se tratava de torcicolo congênito.”

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